Olá pensadores ! Tudo
bem com vocês? Espero que sim! Essa semana será comemorando o dia dos
namorados, e lendo o livro "O pequeno Príncipe" e percebendo os
namoros superficiais de hoje, me veio o seguinte questionamento encontrado na
história do Pequeno Príncipe: Eu realmente sou responsável por aquilo que
cativo?
Certa vez vi em um
Snapchat o Pe. Fabio de Melo fazendo
esse mesmo questionamento, e nesse vídeo ele falava que ele não queria ser
responsável pelo que o outro sente por ele, que isso é uma forma de querer prender
alguém .
Mas analisando esse
argumento , me vêm outro questionamento : Quando é que eu cativo alguém? E que
ponto eu posso me isentar de culpa por isso?
O próprio Padre Fábio,
relata em seu livro "Quem me roubou de mim ?" um caso aonde a pessoa
agiu de forma irresponsável com o outro,
cito aqui a história relatada na página 56 do livro, aonde o Padre narra a
história de uma jovem que é seduzida e vira vítima das suas paixões a ponto de
ter uma gravidez indesejada, alcoolismo e enfim relação com drogas ao ponto de
chegar a encerrar sua vida com uma overdose . Lendo essa história me identifiquei com ela,
pois aconteceu algo parecido comigo, já relatei ela a algum tempo, mas volto a
relatá-la mais uma vez com riqueza de detalhes porquê acredito que têm haver
com o tema e pode nos ajudar a ter respostas.
Lembro-me como se fosse
ontem, estava de férias em Porto Alegre
e pela manhã, leio um SMS que só quem quer ter algo a mais com alguém
enviaria, mostrei para meu amigo e ele
me disse com todas as palavras: -"Toma cuidado"! Eu inocente, não
levei a sério nem a mensagem que tinha
acabado de receber e muito menos os
conselhos do meu amigo, pois para mim era só um gesto de carinho de alguém que
me fazia companhia nas conversas de MSN ou no Facebook , e como havia tempo que não acessava as rede
sociais era uma forma dessa pessoa manter o contato.
Pois bem, os SMS
continuaram com mais frequência agora era bom dia, boa aula, bom almoço,
boa tarde, bom banho, boa janta e boa noite, conversávamos de tudo e mais um
pouco principalmente do seu namorado, ela relatava sua insatisfação no namoro
que queria terminar e volta e meia mandava umas indiretas,
e eu estava amando tudo aquilo( ah! detalhe, eu era seminarista do primeiro ano
de teologia.) . Eu estava tão envolvido que mexi os "pauzinhos" para
fazer meu estágio pastoral na paróquia vizinha para ficar próximo e aumentar
minhas chances de encontrá-la, tanto que conseguimos nos encontrar na encenação
da sexta-feira da paixão e depois disso
resolvemos nos encontrar no Parque
Municipal, era uma Terça-feira lembro-me porque era meu dia livre no seminário
e tinha permissão para sair e ela iria resolver algumas coisas para seu irmão.
Era 17 de Abril de 2012
o dia tava nublado, e me encontrava apaixonado por aquela menina linda de
sorriso fácil, e ao final do encontro fiz duas perguntas que mudaria todo o
percurso da minha história (que caminhava para vida sacerdotal) primeiro
perguntei sobre seu namorado e ela me respondeu que nem sabia se ainda tinha
namorado, a outra pergunta foi se eu poderia lhe dar um beijo e ela aceitou
prontamente.
Nossos encontros continuavam e combinamos de
ela terminar com seu namorado, e eu sairia do seminário e no prazo de seis meses assumiríamos
o namoro, e se passaram os meses ela nunca terminava com o atual, e eu na expectativa de
ter ela para só para mim, mas isso não acontecia e eu já estava ficando
impaciente até que as vésperas do aniversário dela eu estava na casa de meus
pais, eu recebo a notícia que seu namorado havia falecido em um acidente de
moto, me sinto mal com isso até hoje, mas continuei com a ideia de ficar com
ela , nesse ponto já havia me afastado
de tudo aquilo que me dava segurança: Minha vocação, minha família, meu estágio
pastoral, sendo assim, me sentia inseguro, com medo de perde-la e quanto maior
o medo mais ela me dominava, a vida já não tinha mais sentido sem ela do meu
lado. Já como leigo os SMS eram menos frequentes já não tinha mais bom dia as 6
da manhã e quando eu entrava no Facebook ela saia ou me desligava do bate papo,
até que depois do carnaval discutimos a ponto de brigarmos e ela literalmente
me excluir da sua vida, fiquei mal como já relatei aqui a ponto de não querer
mais viver e o que me dói não é o fato
de ter terminado, mas sim o fato de que se ela não queria se envolver então
porquê me seduziu? Eu estava quieto no meu canto, porque prometeu o que não
iria cumprir? E mais, quem te acordava de madrugada para conversar e hoje (já
faz um tempo) desvia do caminho para não te esbarrar.
Por outro lado, faltou experiência para mim ,pois não ouvi os conselhos dos meus
amigos que conheciam ela a mais tempo , eu sei que estava tão cego que discuti com eles
e hoje além de não ter mais ela, não tenho a amizades deles.
Esse relato ajudou a
você ter um resposta? Para esclarecer ou para te confundir mais vou chamar para
conversa o filósofo Nietzsche e sua definição de amor.
Para Nietzsche você não
se apaixona pela pessoa como ela é de fato, mas sim, pelo ideal que você criou
dela . Nietzsche vai chamar de amor fati , vou dar um exemplo : A cantora e
youtuber Luisa Sonza casou-se com o
humorista e também youtuber Whindersson Nunes, e vamos supor que ela casou com
ele simplesmente pelo fato dele ser um rapaz engraçado, é claro que o Whindersson
não é engraçado às 24 horas do dia, ele
deve acordar mal humorado , ele deve soltar pum, etc. Se a Luisa idealizou
somente o Whindersson engraçado, esse casamento teria tendências de não dar
certo, porque o Whindersson é um péssimo
marido? Não! Mas, ele não iria corresponder o ideal que Luísa criou dele
,de ser engraçado a todo momento. Para resumir o pensamento de Nietzsche sobre
o amor fati, a cantora Marília Mendonça canta em um refrão de umas das suas
músicas: "Me apaixonei por aquilo que inventei de você".
Sabendo do meu relato e
da definição de amor para Nietzsche
refaço a pergunta, mas dessa vez com uma resposta: Eu sou responsável por
aquilo que cativo? Sim !Eu sou
responsável, porém não sou responsável se o outro criou expectativas sobre mim
, explico melhor. Você não é obrigado a
assumir nada com ninguém , mas a partir do momento que o eu vira nós, tanto
para você que cativou, tanto para você que foi cativado , um se torna
responsável um pelo outro e principalmente não pode faltar transparência ,afinal
parafraseando mais uma vez o livro do Pequeno Príncipe: "É o tempo que
dedicas-te a tua rosa que tornou-a importante". Por outro lado se um na
relação querer encaixar o outro na sua forminha
esse relacionamento terá prazo de validade.
Enfim, espero ter
ficado claro, e se você leu esse texto e está brincando com sentimento de
alguém, pare agora e deixe de ser babaca .
E assim como o Padre Fábio de Melo , termino esse
texto com as seguintes perguntas: Dos
relacionamentos que você já teve, quais foram ocasiões em que você foi
modificado para melhor? E ao contrário , quais pessoas que mais deixaram marcas
negativas dentro de você? Gostaria muito
que você pudesse
compartilhar de sua resposta aqui nos comentários. Até semana que vem.
( Soares de Sousa, Adriano)
Referência Bibliográfica: Quem me roubou de mim? Padre Fábio Melo, Ed Canção Nova. O Pequeno Príncipe , Antoine de Sant -Exupéry.
Foto: Imagens do site da Igreja de São José /BH
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